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segunda-feira, 5 de março de 2012

MANHÃ DE ESPIRITURALIDADE – 04/03/2012


A CURA DO CEGO DE NASCENÇA

João 9, 01-41
E, passando Jesus, viu um homem cego de nascença.
E os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?
Jesus respondeu: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus.
Convém que eu faça as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar.
Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo.
Tendo dito isto, cuspiu na terra, e com a saliva fez lodo, e untou com o lodo os olhos do cego.
E disse-lhe: Vai, lava-te no tanque de Siloé (que significa o Enviado). Foi, pois, e lavou-se, e voltou vendo.
Então os vizinhos, e aqueles que dantes tinham visto que era cego, diziam: Não é este aquele que estava assentado e mendigava?
Uns diziam: É este. E outros: Parece-se com ele. Ele dizia: Sou eu.
Diziam-lhe, pois: Como se te abriram os olhos?
Ele respondeu, e disse: O homem, chamado Jesus, fez lodo, e untou-me os olhos, e disse-me: Vai ao tanque de Siloé, e lava-te. Então fui, e lavei-me, e vi.
Disseram-lhe, pois: Onde está ele? Respondeu: Não sei.
Levaram, pois, aos fariseus o que dantes era cego.
E era sábado quando Jesus fez o lodo e lhe abriu os olhos.
Tornaram, pois, também os fariseus a perguntar-lhe como vira, e ele lhes disse: Pôs-me lodo sobre os olhos, lavei-me, e vejo.
Então alguns dos fariseus diziam: Este homem não é de Deus, pois não guarda o sábado. Diziam outros: Como pode um homem pecador fazer tais sinais? E havia dissensão entre eles.
Tornaram, pois, a dizer ao cego: Tu, que dizes daquele que te abriu os olhos? E ele respondeu: Que é profeta.
Os judeus, porém, não creram que ele tivesse sido cego, e que agora visse, enquanto não chamaram os pais do que agora via.
E perguntaram-lhes, dizendo: É este o vosso filho, que vós dizeis ter nascido cego? Como, pois, vê agora?
Seus pais lhes responderam, e disseram: Sabemos que este é o nosso filho, e que nasceu cego;
Mas como agora vê, não sabemos; ou quem lhe tenha aberto os olhos, não sabemos. Tem idade, perguntai-lho a ele mesmo; e ele falará por si mesmo.
Seus pais disseram isto, porque temiam os judeus. Porquanto já os judeus tinham resolvido que, se alguém confessasse ser ele o Cristo, fosse expulso da sinagoga.
Por isso é que seus pais disseram: Tem idade, perguntai-lho a ele mesmo.
Chamaram, pois, pela segunda vez o homem que tinha sido cego, e disseram-lhe: Dá glória a Deus; nós sabemos que esse homem é pecador.
Respondeu ele pois, e disse: Se é pecador, não sei; uma coisa sei, é que, havendo eu sido cego, agora vejo.
E tornaram a dizer-lhe: Que te fez ele? Como te abriu os olhos?
Respondeu-lhes: Já vo-lo disse, e não ouvistes; para que o quereis tornar a ouvir? Quereis vós porventura fazer-vos também seus discípulos?
Então o injuriaram, e disseram: Discípulo dele sejas tu; nós, porém, somos discípulos de Moisés.
Nós bem sabemos que Deus falou a Moisés, mas este não sabemos de onde é.
O homem respondeu, e disse-lhes: Nisto, pois, está a maravilha, que vós não saibais de onde ele é, e contudo me abrisse os olhos.
Ora, nós sabemos que Deus não ouve a pecadores; mas, se alguém é temente a Deus, e faz a sua vontade, a esse ouve.
Desde o princípio do mundo nunca se ouviu que alguém abrisse os olhos a um cego de nascença.
Se este não fosse de Deus, nada poderia fazer.
Responderam eles, e disseram-lhe: Tu és nascido todo em pecados, e nos ensinas a nós? E expulsaram-no.

Jesus ouviu que o tinham expulsado e, encontrando-o, disse-lhe: Crês tu no Filho de Deus?
Ele respondeu, e disse: Quem é ele, Senhor, para que nele creia?
E Jesus lhe disse: Tu já o tens visto, e é aquele que fala contigo.
Ele disse: Creio, Senhor. E o adorou.
E disse-lhe Jesus: Eu vim a este mundo para juízo, a fim de que os que não vêem vejam, e os que vêem sejam cegos.
E aqueles dos fariseus, que estavam com ele, ouvindo isto, disseram-lhe: Também nós somos cegos?
Disse-lhes Jesus: Se fósseis cegos, não teríeis pecado; mas como agora dizeis: Vemos; por isso o vosso pecado permanece.

REFLEXÃO
O capítulo nono do Evangelho se São João relata o encontro de Jesus com um cego de nascença enquanto caminhava nos arredores do Templo. Há notícias de que a cegueira era extremamente comum no Oriente Médio. Nos textos bíblicos, fala-se, sobretudo de dois tipos de cegueira. A oftalmia, doença altamente contagiosa, agravada pelo brilho do sol, pela poeira e pela areia soprada do deserto e pela falta de higiene. Outra forma mencionada é a cegueira senil, que resulta do avançar dos anos. De acordo com o relato evangélico, são os discípulos que, em primeiro lugar, percebem a presença do cego e propõem uma questão a Jesus.
A dúvida dos discípulos, ao encontrarem o cego, é de ordem teológica.
A resposta de Jesus aos discípulos é clara:
Ao romper com a teologia corrente a afirmar que a doença não é fruto de pecado, nem castigo de Deus, Jesus acaba também com a lógica excludente de atribuir a culpa da enfermidade a Deus e por decorrência ao pecado, o que gerava e, ao mesmo tempo, legitimava a exclusão social e religiosa de que se achasse doente. Por isso, ao invés de se afastar do cego, como seria normal, Jesus se aproxima, cospe no chão, se abaixa e faz lama com a própria saliva e o pó do chão. Em seguida, a aplica sobre os olhos do cego e pede que ele vá se lavar na piscina de Siloé, cujo significado é "enviado". A narrativa do sinal é encerrada com a constatação:
Depois do sinal realizado, Jesus sai de cena por um tempo e começa a discussão ao redor do fato de um homem que era cego e pedia esmola passar a enxergar. De um lado, aparece a incredulidade de vizinhos e familiares de que a mudança havia acontecido (de cego, o homem passou a vidente). De outro, a violação do descanso sabático que os judeus vão trazer para o centro da discussão e pedir explicações ao cego e a seus pais. Apesar de verem o bem na vida do cego, que passou a ver, condenam a ação de Jesus, pois ele tinha violado a lei do sábado.
A reação dos pais do cego diante das autoridades dos judeus, ou seja, diante daqueles que sustentam a velha lógica de que doença está sempre vinculada ao pecado, é de medo. Por isso, dizem somente saber que aquele homem é seu filho, nasceu cego e agora vê. Como aconteceu isso, não sabem. A solução é que os chefes perguntem ao próprio homem que era cego e agora vê, pois ele já é maior, ou seja, já é responsável pelos próprios atos e opiniões.
A finalidade catequética do evangelista está em evidenciar a missão de Jesus como luz do mundo. Por isso joga muito com as palavras "ver" e "crer". Não somente neste capítulo e neste episódio de alguém que não vê e não crê e depois passa a ver e crer, pois a catequese finaliza com um novo encontro de Jesus com o cego:
O texto termina com Jesus voltando para a cena e dialogando novamente com o cego. O novo aqui é que da cegueira física passa à cegueira espiritual, sobretudo daqueles que não querem ver. Com diz o ditado popular: "
"Quem pecou para que ele nascesse cego?". Seguindo a teologia tradicional, os discípulos propõem a Jesus uma pergunta pela causa da cegueira: teria o homem pecado ou teriam sido seus pais, pois havia a compreensão de que o pecado dos pais poderia prejudicar os descendentes, por várias gerações. Esta forma de compreender foi objeto de questionamento e de confronto com Jesus em várias ocasiões. "nem ele, nem seus pais pecaram, mas é uma ocasião para que se manifestem nele as obras de Deus!" Cristo interrompe a tradição de vincular doença e pecado e oferece aos discípulos, aos fariseus, aos judeus, aos familiares do cego e ao próprio cego uma catequese sobre sua missão, Jesus apresenta-se como "luz do mundo" e luz que se manifesta pelas obras que realiza. Essa experiência permite que o próprio cego se transforme em discípulo. "o cego foi, lavou-se e voltou enxergando". "Tu crês no filho do Homem? Ele respondeu: Quem é, Senhor, para que eu creia nele? Jesus disse: Tu o estás vendo; é aquele que está falando contigo. Ele exclamou: "Eu creio, Senhor!" e ajoelhou-se diante de Jesus". o pior cego é aquele que não quer ver". Jesus encontrou pessoas assim e, infelizmente, também as encontramos em nossos dias. É missão da Igreja a continuidade da ação de Jesus na história para que a saúde se difunda sobre a terra.


SAV

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