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sábado, 22 de novembro de 2014

São Francisco: 35 anos Patrono da Ecologia (29.11.2014)






O seguimento de Jesus Cristo nos compromete com a defesa da vida. São Francisco intuiu isto e viveu em plena harmonia com a natureza e louvou o Criador por todas as suas criaturas.
            O Papa João Paulo II declarou São Francisco patrono da ecologia no dia 25 de novembro de 1979. Era uma data próxima à comemoração dos 800 anos do nascimento do Santo de Assis (1181). O reconhecimento deu-se a partir da consciência de que é necessário cuidar bem do planeta que está agonizando. A Igreja católica não quis omitir-se diante do compromisso de defender a vida cuidando do planeta que nos sustenta. Atualmente o Papa Francisco está preparando uma encíclica cuja tema é a ecologia.
            Da mesma forma que São Francisco de Assis reconheceu a bondade e a beleza de Deus em suas criaturas, os franciscanos de hoje assumem o compromisso de lutar pela vida digna das pessoas, especialmente as mais desprotegidas.
            Alguns sinais que se apresentam hoje são alarmantes. Olhemos para as mudanças climáticas, a escassez de água doce em grande parte da terra, a extinção de espécies animais e vegetais, a mobilidade humana criando grandes centros urbanos. É certo que o ser humano é o principal responsável por estas mudanças e por aquelas que vêm como consequência destas. Por isso, é tempo de rever as atitudes, as ações destrutivas e de exploração dos recursos naturais. Sem a recuperação das nascentes, a água doce será sempre mais escassa. Sem reflorestamento nativo com corredores ecológicos, as espécies continuarão sendo extintas. Sem consciência e com aumento da ganância, o desmatamento irracional continuará e a vida será sempre mais ameaçada pela desertificação, elevação da temperatura e desequilíbrio dos níveis pluviométricos.
            Na era da tecnologia temos conhecimentos, informações e recursos mais que suficientes para defender a vida do planeta. O que não podemos é admitir que o egoísmo continue impedindo as pessoas de amarem as gerações futuras. O ser humano hoje precisa deixar a inteligência abrasar o coração, pois de nada serve a técnica, o conhecimento, o enriquecimento e a aquisição de bens se não houver amor e sentido para esta existência.
            Cada criatura neste mundo tem uma “missão”. Quando extinta, a missão deixa de ser cumprida e as consequências são visíveis no desequilíbrio da natureza. Os agricultores sabem, por exemplo, que a extinção das abelhas ocasionará a não polinização de muitas plantas e a consequente falta de produção. Sabem, mas na agricultura convencional continuam aplicando inseticidas perigosos.
            Hoje não basta dizer que é preciso conviver com as mudanças climáticas. É preciso uma vivência ética e responsável capaz de defender a vida. Também não basta pensar que os outros é que são os responsáveis. É preciso mudança de atitudes pessoais que interferem no meio ambiente degradando a vida. Se a humanidade imitasse São Francisco o planeta estaria salvo da degradação...
            São Francisco viveu em harmonia com as criaturas e com o mundo a ponto de ser conhecido como o “irmão universal”. Sua compreensão da dignidade humana fez dele um irmão respeitoso e afetuoso, um poeta e cantor dos louvores de Deus. Por isso, foi atribuída a ele a oração “Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz”. O reconhecimento do amor de Deus pela humanidade expresso na natureza fez São Francisco compor o “cântico das criaturas”:
Altíssimo, onipotente, bom Senhor, teus são o louvor, a glória, a honra e toda bênção.
Só a ti, Altíssimo, são devidos; e homem algum é digno de te mencionar. 
Louvado sejas, meu Senhor, com todas as tuas criaturas, especialmente o senhor Irmão Sol, que é dia e nos iluminas por ele. 
E ele é belo e radiante com grande esplendor; de ti, Altíssimo, carrega a significação. 
Louvado sejas, meu Senhor, pela Irmã Lua e as Estrelas, no céu as formaste claras e preciosas e belas. 
Louvado sejas, meu Senhor pelo Irmão Vento, pelo ar, ou nublado ou sereno, e todo o tempo, pelo qual às tuas criaturas dás sustento. 
Louvado sejas, meu Senhor pela Irmã Água, que é muito útil e humilde e preciosa e casta. 
Louvado sejas, meu Senhor, pelo Irmão Fogo pelo qual iluminas a noite, e ele é belo e alegre e vigoroso e forte. 
Louvado sejas, meu Senhor, por nossa Irmã a mãe Terra, que nos sustenta e governa, e produz frutos diversos e coloridas flores e ervas. 
Louvado sejas, meu Senhor, pelos que perdoam por teu amor, e suportam enfermidades e tribulações. 
Bem-aventurados os que as suportam em paz, que por ti, Altíssimo, serão coroados. 
Louvado sejas, meu Senhor, por nossa Irmã a Morte corporal, da qual nenhum homem vivo pode escapar. 
Ai dos que morrerem em pecados mortais! Felizes os que ela achar conformes à vossa santíssima vontade, porque a morte segunda não lhes fará mal! 
Louvai e bendizei a meu Senhor, e dai-lhe graças, e servi-o com grande humildade.