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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Instituição dos novos Mesces de nossa paróquia


No dia 3 aconteceu em Jaboticabal a instituição dos novos mesces( Ministros Extraordinário da Sagrada Comunhão  Eucarística) com presença do Bispo Dom Fernando Brochini - Diocese de Jaboticabal.

Sejam Bem Vindos!

CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2013

A Campanha da Fraternidade deste ano retomou o tema Juventude (1992). O Objetivo Geral da Campanha deste ano foi elaborado assim:
Acolher os jovens no contexto de mudança de época, propiciando caminhos para seu protagonismo no seguimento de Jesus Cristo, na vivência eclesial e na construção de uma sociedade fraterna fundamentada na cultura da vida, da justiça e da paz”.
De fato, estamos vivendo um período de muitas mudanças que é considerado passagem para uma outra época. A equipe que desenvolveu o texto base elencou uma série de desafios, de problemas a serem enfrentados pela Igreja e pela sociedade em relação aos jovens, mas também seus dons e potencialidades.
Meu parecer é de que a equipe olhou de dentro da Igreja, e faz referências aos jovens que estão na Igreja ou buscam alguma forma de religiosidade.
É preciso levar em conta que hoje existem muitas juventudes. Há consenso para inúmeros autores e estudiosos sobre uma pluralidade de juventudes definidas a partir de grupos sociais concretos. Estes grupos são formados a partir da classe social, da etnia, da religião, do gênero, da região, do mundo urbano e rural, de interesses, sendo que várias juventudes convivem em um mesmo tempo e espaço social. Exceto os grupos de juventudes que estão buscando uma religiosidade nas igrejas cristãs, católica ou protestantes e pentecostais, existe uma multidão de jovens muito distantes de qualquer religião, sem norte e quase sempre sem liberdade. São jovens condicionados e manipulados pelos interesses do mercado e agentes invisíveis do lucro e da exploração e tantos outros levados por ideologias contrárias ao Evangelho presentes no ambiente universitário. Tristemente muitos gostam desta situação e se submetem a ela.
Estamos numa época de mudanças profundas e o homem de hoje sofre as consequências. Enrique Rojas escreveu sobre o homem criado pela sociedade de hoje: “O homem light, uma vida sem valores”. O autor faz a comparação com alimentos “light” a realidade do homem criado pela sociedade atual: “homem sem substância, ligeiro, quase vazio, oco por dentro, leviano, etéreo, com muita fachada e pouca profundidade”. Trata-se de uma pessoa indiferente, que não se apega a nada a não ser ao dinheiro, ao poder, ao êxito, ao triunfo, ao sucesso, ao sexo, ao narcisismo, ao bem estar a qualquer custo. É uma pessoa para quem não há mais verdades absolutas, nem certezas firmes. Ela quer muita informação mas não busca o conhecimento, a sabedoria. Algumas características afloram na pessoa: hedonista (centrada no prazer e em desfrutar a vida a qualquer preço), consumista (o essencial é ter e não ser; contínua substituição de objetos por outros cada vez “melhores”), permissiva (tudo pode, não coloca limites para as crianças e para si mesma), relativista (tudo é relativo e dependo do ponto de vista; a postura ética não conta mais). Tudo isso leva a pessoa a um vazio existencial, pois tendo quase tudo, podendo quase tudo, não é feliz. Pensa de buscar a felicidade em experiências aventureiras. Forma-se um sujeito essencialmente frívolo, sem preocupações ideológicas, nem inquietações culturais. Não busca vida coerente, com valores sólidos como o amor, o trabalho, a cultura, a religiosidade verdadeira. Chama ao sexo, amor; à hipertrofia profissional, trabalho; a passar o tempo diante da televisão vendo imbecilidade, cultura. Aí forma-se a pessoa de pensamento débil, inconsistente, sem convicções, arredia aos compromissos, uma pessoa sem referência. Por isso a banalização da existência, a futilidade em que se envolveu boa parte da sociedade de nosso tempo, a ambiguidade das atitudes, a apatia diante das situações que não me atingem diretamente.
A sociedade atual, chamada pós-moderna, alimenta o individualismo que, por sua vez, dá asas ao egoísmo e ao narcisismo. No fundo cada pessoa pode chegar ao isolamento físico e manter relacionamentos virtuais. Isto a levará fatalmente ao vazio, pois o ser humano necessita de relações reais temperadas com afeto, acolhimento, partilha e interatividade.
É muito óbvio que a sociedade nos forma, começando pela família que é o primeiro ambiente da criança (veja teoria de Vygotskij e dos contextualistas). Mas, se na família não se forma as pessoas para serem livres e responsáveis? Se na família as crianças e jovens não recebem o necessário para terem limites, respeito ao outro, empenho no que fazem, valores verdadeiros? E qual família estamos vendo concretizar-se? Será que tem alguém dos que defendem as novas formas de ser família que está pensando na criança e no adolescente?
Para cuidar do jovem é preciso cuidar da criança desde a concepção. É só pensar que a personalidade começa a se formar muito cedo, a identidade sexual entre os 2 e 8 ou 9 anos, os valores se apreende aí na mais tenra idade. Continuar proporcionando “vida light” para as crianças, permitindo que façam o que querem, que comam e bebam o que desejam na hora que estabeleçam, que vejam TV ou joguem tolices nos meios eletrônicos, não leiam nada de construtivo, não ajudem nada em casa e ainda que se contentem com o mínimo na escola, é deixar que os jovens sejam vazios e frágeis a ponto de se deixarem levar por qualquer proposta ou ideologia.
A Igreja sempre se preocupou com os jovens, mas, ao mesmo tempo, se decepcionou com muitos deles que, diante do compromisso, abandonaram a comunidade. Outros que na instabilidade nunca se firmaram numa obra evangelizadora. Contudo, nem sempre a Igreja falou em linguagem compreensível ao jovem criando uma dificuldade de sintonia e o próprio jovem nem sempre enxergou que ele também é Igreja e assumiu o seu protagonismo.
Por outro lado, a Igreja quase sempre esteve distante das juventudes que não frequentam suas atividades, que estão nas universidades, nas indústrias, nos mais variados grupos de interesse, nos grupos étnicos. Em Aparecida (CELAM 2007) os bispos dedicaram ao menos 40 parágrafos do documento final aos jovens. Isto indica uma preocupação viva para os jovens sejam evangelizados no sentido do Evangelho de Jo 10,10: “eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância”. É bom sinal, mas a Igreja institucional e a Igreja, família de Jesus, precisa ser na prática “discípula e missionária” e ir ao encontro dos jovens através da presença com eles, da escuta, da realização de ações concretas que lhes dê sentido para a vida e responsabilidade nos atos e que os forme como pessoas de valores sólidos.

Frei Valmir  Ramos- pároco